quinta-feira, 18 de junho de 2009

A SOCIEDADE MINEIRA NO SÉCULO XVIII

Desde 1500, quando os português chegaram à América, havia uma grande expectativa de encontrar metais e pedras preciosas no novo continente. Já na segunda metade do século XVII, com o declínio do comercio do açúcar no mercado europeu, a Coroa portuguesa estimulou a procura de metais e pedras preciosas em terras de sua nova colônia, através de expedições conhecidas como entradas(1) ou bandeiras(2).
Em 1674, o paulista Fernão Dias Paes partiu de São Paulo à frente de uma bandeira em direção à futura Capitania de Minas Gerais em busca de esmeraldas. A viagem durou sete longos anos, mas Fernão Dias só encontrou turmalinas, que apesar de verdes como as esmeraldas, tinham pouco valor comercial.
(1) Entradas – Foram expedições oficiais organizadas pelas autoridades, nos séculos XVI e XVII, que partiam do litoral com o objetivo de explorar o interior, apresar (capturar) indígenas para trabalho escravo e procurar minas.
(2) Bandeiras – Foram às expedições armadas e organizadas em geral por particulares de São Paulo (Vila da Capitania de São Vicente) que partiam para o sertão em busca de índios para escravizar (bandeira de apresamento), de pedras e metais preciosos (bandeira prospectora) e para combater índios rebeldes ou destruir quilombos (sertanismo de contrato).


Prospecção – Método empregado para localizar jazidas de pedras e metais preciosos, bem como para calcular o valor econômico das jazidas descobertas.

Somente no final do século XVII, as expedições tiveram êxito. Em 1693, Antônio Rodrigues Arzão encontrou ouro na região de Caeté, no estado de Minas Gerais. Em 1698 Antônio Dias de Oliveira, encontrou ouro em Vila Rica (hoje Ouro Preto) e em 1700 Borba Gato encontrou ouro em Sabará.
O ouro foi inicialmente encontrado no leito dos rios e riachos, ficava em depósitos chamados de faisqueira porque ao sol, os grãos maiores faiscavam.
Era o ouro de aluvião, que era encontrado em depósitos de cascalho, areia e argila que se formam junto às margens ou na foz dos rios. A notícia da descoberta trouxe para as zonas auríferas uma enorme multidão: calcula-se que tenham chegado à região cerca de 30 a 50 mil aventureiros.
Vinham de Portugal e de todas as partes da colônia, atraídos pelo metal precioso e pela possibilidade de realizar negócios na região, uma vez que os primeiros campos de garimpo eram improvisados e havia também outro grande problema a falta de alimentos para toda essa gente.
Pouco se plantava e os gêneros de subsistência eram escassos e muito caros. Com o passar do tempo, passou-se a cultivar roças e a criação de entrepostos comerciais resolveram parcialmente o problema. Em decorrência desta concentração populacional, a região das minas alcançou uma densidade populacional relativamente alta provocando assim o primeiro surto urbano da vida brasileira.

A transformações na Colônia

Com a descoberta do ouro, houve uma transformação na vida da colônia. Na busca de enriquecimento rápido, houve um grande deslocamento de pessoas em direção às áreas de mineração. Assim foram surgindo vários povoados e vilas, como as que deram origem as cidades de Mariana, Ouro Preto, Sabará e Tiradentes.
O modelo de organização da sociedade colonial passou por uma transformação, que antes era organizada em torno dos grandes engenhos de açúcar e da criação de gado, passou a ter características urbanas, com a construção de sobrados, igrejas e edifícios públicos. Houve também um crescimento no comercio, pois um grande volume de mercadorias passou a circular internamente pela colônia.
Nos séculos XVI e XVII eram raros os portugueses que vinham espontâneos para a colônia, na época do ouro tal situação se inverteu. No inicio da colonização transferir-se de Portugal para o Brasil só era para fidalgos ricos, pois, para a montagem de um engenho, eram necessários vultosos capitais. As alternativas para o homem comum, como o artesão (marceneiro,sapateiro,etc.) e o trabalhador técnico nas maquinas dos engenhos, não despertavam grande interesse.
A mineração do século XVIII, por sua vez, não exigia a montagem de uma grande empresa, principalmente na extração do ouro de lavagem. Com um pouco de sorte, seria possível enriquecer e, em pouco tempo retornar à terra natal. Essa ambição aventureira motivou muitos portugueses, chegando a causar graves preocupações à Coroa. A emigração do sul de Portugal, por exemplo, ocasionou um grande despovoamento na região.
O eixo econômico da colônia, que antes se localizava no Nordeste, migrara para a região Centro-Sul. Em 1763, a capital da colônia foi transferida da Bahia para o Rio de Janeiro.

A fiscalização das minas

Desde a descoberta das primeiras minas de ouro, a metrópole tratou de controlar e regulamentar as atividades mineradoras, tanto na distribuição das datas ou lotes, ou na arrecadação de impostos. Em 1702, foi criado o Regimento dos Superintendentes, Guardas-Mores e Oficiais Deputados para as minas de Ouro. Assim foi criada a Intendência das Minas, um governo especial para as áreas auríferas, que estavam vinculadas diretamente a Lisboa.
A Intendência era responsável pelo policiamento da área de mineração e pela cobrança de impostos, além de funcionar como um tribunal de primeira é de ultima instância. A pessoa que exercia o cargo de Superintendente, era alguém ligado diretamente à mineração, que tinha o conhecimento das leis vigentes e um defensor dos interesses da Coroa.

Referências bibliográficas:

BRAICK,Patrícia Ramos – MOTA,Myriam Becho “História: das Cavernas ao Terceiro Milênio” ; 1ª edição - São Paulo: Moderna, 2005.
ARRUDA, José Jobson A. – PILETTI,Nelson “Toda A História – História Geral e História do Brasil” ; 12ª edição – São Paulo: Editora Ática, 2004.
OLDIMAR,Cardoso “Tudo é História –História Moderna História da América Colonial” ; 1ª edição – São Paulo: Editora Ática, 2006.
COSTA, Luís Cessar Amad – MELLO, Leonel Itaussu A. “Historia do Brasil” ;São Paulo:Scipione, 1999.

Nota - Marino do Espírito Santo Júnior - (prof.História)

domingo, 1 de junho de 2008

As Fases do Barroco Mineiro

A arte barroca ela pode ser dividida em três fases, conforme as caracteristicas dos modelos de retábulos construidos nas igrejas em minas no período entre 1710 a 1760.

1ª Fase - Retábulo Nacional Português: período entre 1710 e 1730.
Suas principais caracteristicas: Colunas torsas (retorcidas) ornamenadas com motivos fitomorfos (cachos de uva e folhas de acanto) e motivos zoomorfos (aves, como o pelicano), com coroamento por arcos concêntrico, vom revestimento em alha douada e policromia em azul e vermelho.


2ª Fase - Retábulo Joanino: período entre 1730 e 1760.
Suas principais caracteristicas: Um excesso de motivos ornamentais, um grande número de elementos escultóricos, falsos cortinados com anjos e coroamento com sanefas. Seu revestimento em policromia em branco e dourado.


3ª Fase - Retábulo Rococó: apartir de 1760.
Suas principais caracteristicas: Grande composição escultórica, elementos ornamentais baseados no estilo rococó francês (guirlandas, flores, laços e conchas). Possui revestimento com fundos em branco e douramentos nas partes principais da sua decoração.

domingo, 25 de maio de 2008

A Arte e o Estilo Barroco



A palavra "barroco ou baroco" é, exatamente um desses termos, cujo étimo se desconhece. Por isso, seu sentido específico e o seu contéudo definidor mergulha num mar de divergência: ora largo e vigoroso, ora pálido e resrito.
A origem do nome é extremamente vaga. Dizem que barroco, em português, significa "concha" mal formada; já o italiano o chama de "verruca" alguma coisa defeituosa e irregular; o espanhol prefere aproxima-lo do senido português "barrueco". Há até quem o encontre do árabe, apelidado de "burca" como sendo terreno arenoso ou pedra branca.
Em português existem as palavras 'barroca"(monte de barro,piçarra,terreno irregular) e 'barrocal'´(várias barrocas); além disso, o vocábulo barroco (penedo irregular, exagerado nas formas, e também, com o sentido de extravagante,cuja significação se ajunta a de pérola de superficie de vários bordos).
Em geral, através dessa complexa dialética estilográfica, chegar-se-á a resumir as divergências na conceituação de três postulados: sobre a época, sobre o estilo e sobre o estado do estilo. Num ligeiro exame do que se chama estilo barroco, procuram vê-lo como contéudo multiplástico. Apenas, às vezes, como fantasma, de imprevisto, aparece em todas as esquinas dos demais estilos. Pelo menos três modalidades estão bem claras:
a) o barroco é um estilo de decadência, sucede à Renascença, e historicamente data do séc. XVI, da Contra-Reforma;
b) o barroco é um estilo de reação contra a Renascença pagã, fria e linear, e alevanta, como forças de oposição, o pitoresco excessivo;
c) o barroco é estilo peculiar à Arquitetua e á Escultura, e só impropriamente, se aplicaria essa denominação à Pintura, e ás Letras.
É evidente que se preferirá tomar o barroco, não como gênero, antes como uma espécie. E principalmente, apenas como uma técnica. O romantismo é um estado da alma. Todo o indivíduo passa por ele.
Deste teor, o barroco é apenas uma exteriorização do romântico; é uma linguagem para fora. Assim, poderíamos admitir que o barroco perene se manifesta, em determinada época, em todas as artes, tanto no tempo como no espaço.